O
7º CEORN, admitido na Escola Naval em setembro de 1964, também tem como patrono
o Vice-Almirante Hermenegildo Capelo. Passados 50 anos, na visita à Escola
Naval, tivemos a companhia de um seu representante, o Eng Pedro Sousa Ribeiro,
com quem confraternizámos e recordámos tempos de Escola.
Com
a devida vénia transcrevemos este seu interessante artigo pró-memória sobre o
Curso RN-HC:
O CURSO HERMENEGILDO CAPELO
DA RESERVA NAVAL
O 7º Curso Especial de
Oficiais da Reserva Naval que teve como patrono Hermenegildo Capelo, foi
alistado em 16 de Agosto de 1964 e entrou na Escola Naval em 25 de Setembro. Era
constituído por 64 cadetes assim distribuídos pelas diversas classes:
Classe
de Marinha – 30
Classe
de Engenheiros Construtores Navais -1
Classe
de Médicos Navais – 1
Classe
de Engenheiros Maquinistas Navais – 6
Classe
de Administração Naval - 7
Classe
de Fuzileiros – 19
Foi
diretor de instrução do curso o Comandante Seixas Louçã.
O
curso passou cerca de 3 meses em conjunto na Escola Naval tendo-lhe sido
ministrados as bases das ciências navais. Depois desse 1º ciclo, os cadetes
passaram por várias escolas da Marinha de acordo as especialidades a que eram
destinados.
A
viagem de instrução foi realizada nas fragatas Corte Real e Diogo Cão. Na
primeira embarcaram os cadetes da classe de Marinha, Médicos Navais e
Engenheiros Construtores Navais e na segunda os cadetes das outras classes. Na
viagem de instrução, com a duração de 4 semanas, foram escalados os portos de
Bissau, Mindelo em Cabo Verde e Funchal.
Essa
viagem de instrução permitiu aos cadetes sentirem as sensações da vida no mar e
conhecerem um pouco da realidade das então províncias ultramarinas portuguesas.
Particularmente significativa foi a ida à Guiné onde tiveram a ocasião de se
deslocar a Nacra visitando um aquartelamento do exército português e tomar
contacto com o clima que então aí se vivia.
Na
semana seguinte ao regresso a Lisboa foi realizado, em 29 de Abril de 1965, o
juramento de bandeira sendo promovidos a aspirantes apenas 61 dos membros do
curso. Durante essa semana fomos informados que três cadetes, embora tivessem
terminado o curso com aproveitamento, não iriam participar no juramento de
bandeira. Eram eles António Jorge Pimenta da Silva da classe de Marinha,
António Pereira Rufino da classe de Engenheiros Maquinistas Navais e Artur Eduardo
Santos Silva da classe de Administração Naval. Aos três foram passadas guias de
marcha para o Exército onde tiveram que se apresentar. No entanto, um deles,
Artur Santos Silva, conseguiu, devido a influências pessoais e familiares, que
a situação fosse revertida e ao fim de cerca de uma semana foi reintegrado na
Marinha tendo feito juramento de bandeira individualmente. Os outros dois
fizeram o seu serviço militar no Exército.
Quando
o curso comemorou 40 anos foi realizado um jantar com o Comandante Seixas Louçã
que confirmou aquilo que era, desde o início, já sabido. Foi por informação da
PIDE que a esses cadetes foi impedida a sua promoção a Aspirante RN. Embora o
Ministro da Marinha da altura Almirante Quintanilha Mendonça Dias se tivesse
oposto não teve força para contrariar uma decisão emanada da PIDE.
Dos
62 cadetes que foram promovidos a Aspirante RN, 16 prestaram serviço em Angola,
16 em Moçambique, 13 na Guiné e 17 no Continente e Ilhas, em diversas unidades
da Marinha.
Os
oficiais do 7º CEORN foram licenciados ao longo do ano de 1967,
mas 5 deles prolongaram a sua vida na Marinha vindo a ingressar mais tarde na
classe do Serviço Especial dos Quadros Permanentes no ramo de Oficiais
Fuzileiros, tendo ascendido ao posto de Capitão de Mar-e-Guerra.
No dia 4 de Outubro de 2014, 26 membros do curso
juntaram-se Escola Naval para comemorar 50 anos da entrada na Marinha
relembrando passadas histórias e emoções vividas sem deixar de relembrar os 13
camaradas entretanto desaparecidos.
Muito deles mantêm uma ligação sentimental à Marinha
Portuguesa através da Associação dos Oficiais da Reserva Naval
Pedro Sousa Ribeiro
20 Janeiro 2015
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