domingo, 27 de outubro de 2024

COMEMORAÇÕES DO SEXAGÉSIMO ANIVERSÁRIO DO CURSO

PRÓ-MEMÓRIA DO ALMOÇO CONVÍVIO NA MESSE DE CASCAIS

Remeter o botão de âncora à simples condição de ocupante da casa que serve, com especial apreço,  simbolizando a ancoragem em porto seguro, servir causas sem olhar a danos, dar ao corpo a união e a elegância que a vida naval exige, tem duplo significado, dar corpo a elegância devida, dar à corporação a referência para o espírito de corpo consolidar. Na Marinha de Guerra Portuguesa, assim significa, assim se sente!
Ode marítima, ode terrestre, vidas cruzadas profusamente narradas pelos contadores-mor do reino, dos navegadores e suas descobertas, dos exploradores e suas travessias, do Infante D. Henrique ao Hermenegildo Capelo, a história resta, sendo expoente, os Lusíadas tão bem selecionada e entregue, vencida a tormenta logo juramentada. A escola que frequentamos, tem no botão de âncora selo dourado do espírito de grupo que a identifica, na espada símbolo do poder e nos Lusíadas  o orgulho no passado.
Limites, de idade ou de carreira, limites que desafiam os que servem, limites que todos têm, por opção ou por devoção, nem a todos dão conta, nem todos premeiam, no entanto, em todos estimulam o que melhor a organização contém. A camaradagem, cimento do tormentoso sulcar dos mares e rios, se aos meios e unidades transcorridos, tem base de experimentação crescente consoante carreira mais tarde recordada, mais tarde arauto das vagas vencidas, sempre, aos olhos de Neptuno. Estranha forma de estar, estranho perfume, essência de uma vida que se esgota em horizonte em constante mutação, agora com o aposento de uma vida rica de memórias. 
Messe, aprazível recolhimento, escada vencida, degrau a degrau, tal como as missões anotadas, assentadas e recordadas, eis o momento, eis o pretexto para, sessenta anos decorridos após a escolha, após a prova, ao Alfeite atracar!
Do Palácio do Alfeite ao Palácio Seixas, sessenta anos distaram, sessenta anos dando expressão à família, à família de sangue, famílias que, por vezes, ao social se rendiam esbatendo fronteira que se quer vincada. As comissões de serviço, embarcado ou em terra, davam territorialidade ao botão de âncora, remetiam as famílias para a condição de emigrantes, confinavam sentimentos acentuavam a saudade, tão nossa tão lusitana, talvez por isso e não só, toca a reunir com pretextos diversos, e este, O DIA DO HC, dá às famílias oportunidade para as conversas que o tempo deu cor deu significado, constarem de episódio, mais um, de novela da vida, novela da saudade!
Década vivida ao ritmo e compasso do telemóvel, comemorada aos olhos da noite, noite servida por facho guiado, cabendo à Nossa Senhora que, sendo da Guia, deu aos que do mar olham o melhor segredo, rumo de uma vida tematizada em obra publicada. Das  enxárcias do conhecimento às enxárcias da vida, a rota tem em comum o mar tão perto e tão distante como a ilusão que em todos habita, enxárcias da calvície, antes temida agora honrada!
Linha de costa, linha antes percorrida na crista da onda, agora em falésia vencida, é linha ténue, pois dos ditos pontos da costa, por vezes azimutados, década distam, de vidas honradas vidas seladas pelos mares percorridos, antes em descoberta agora em disputa!
Honremos aqueles que, remando contra a maré, nos deixaram! Bem hajam pelo suor vertido em cava da onda, pelo risco assumido por causa nobre, pelo quarto em ponte alta ou convés entre estrelas partilhado, pelas horas de câmara, entre quartos, quais homens sem sono, persistimos em rota batida, pois estamos certos do nosso destino, orgulhosos do passado, por vezes comum, por vezes díspar. 
O colarinho, quando gomado, quando com precisão à gola atracado como se ao cais, amarração cruzada, os ventos domasse, à solenidade anunciava. Sessenta anos percorridos, gala anunciada, os memoráveis, mesa marcada, às radionavais, circuitos que à saudade dão visão, deixamos o nosso reconhecimento, pois eram placa giratória das emoções retardadas!
Sessenta anos de maturação, como as castas que, do envelhecimento retiram essência retiram emoção do palato testemunha, os marinheiros e suas penélopes,  tez marcada tez sabia, exaltação ao futuro imediato, transportam o sedimento de uma vida plena de história plena de encanto.
Trinta e dois convivas, oito mesas de protocolo medido, com eles outros estão, pois a mente, estudada e medida, ao infinito desafia, tal a crença que aos nossos está associada! Sente-se o desejo da sua aparição, pois se a um tal Sebastião a crença se aplica e por desejado ficou conhecido, por que não aos nossos que tanto amámos e de iguais se tratam? Aos que nos deixaram, por certo precocemente, aqui fica a menção e apelo ao NÃO ESQUECIMENTO.
Hoje, que mais uma década se cumpre, não  estamos sós, estamos com eles e não só!
Se aos cinquenta, pelas terras vinhateiras de Palmela, a caravana HC, se tornou notada, aos sessenta, o maciço central da Estrela foi percorrido com o propósito de dar evidência ao esforço científico e não só, da vasta equipa, pluridisciplinar, que o país fica a dever ao nosso patrono.
Voo ao vento (vol-au-vent), inércia vencida, bolina cerrada, eis a gala dos sessenta de inspiração francófona, tal como a juventude de geração rebelde, transversal aos choques de política interna e externa. Do marisco ao magret de pato, um pequeno passo, tal a conversa emergente, tal o voo, que, para quebrar a intensidade, só pára no gelado em tarte de maçã, como se ao Adão, génese da vida, a vida cristã, tudo se devesse.
Aos sobreviventes de Mansoa com a Escola Naval no coração, a homenagem, a celebração formal decorreu a preceito pois, palavras ditas e parabéns cantado, soou a ordem: "PEÇAS BOMBORBO FOGO...", o bom bordo para todos desejado, com bolo e espumante!
Enfim, vestidos a preceito, preceito que ao Carlos se deve, o tempo passa, a messe fecha, e os corações plenos de emoção, dão vivas ao tempo passado, dão vivas a 2034, sempre com o nosso Álvaro Gaspar a prognosticar!
VIVA O HC70
João Sadler Simões




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