terça-feira, 27 de janeiro de 2015

RESERVA NAVAL

O 7º CEORN, admitido na Escola Naval em setembro de 1964, também tem como patrono o Vice-Almirante Hermenegildo Capelo. Passados 50 anos, na visita à Escola Naval, tivemos a companhia de um seu representante, o Eng Pedro Sousa Ribeiro, com quem confraternizámos e recordámos tempos de Escola.
Com a devida vénia transcrevemos este seu interessante artigo pró-memória sobre o Curso RN-HC:

O CURSO HERMENEGILDO CAPELO DA RESERVA NAVAL
O 7º Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval que teve como patrono Hermenegildo Capelo, foi alistado em 16 de Agosto de 1964 e entrou na Escola Naval em 25 de Setembro. Era constituído por 64 cadetes assim distribuídos pelas diversas classes:
Classe de Marinha – 30
Classe de Engenheiros Construtores Navais -1
Classe de Médicos Navais – 1
Classe de Engenheiros Maquinistas Navais – 6
Classe de Administração Naval - 7
Classe de Fuzileiros – 19
Foi diretor de instrução do curso o Comandante Seixas Louçã.
O curso passou cerca de 3 meses em conjunto na Escola Naval tendo-lhe sido ministrados as bases das ciências navais. Depois desse 1º ciclo, os cadetes passaram por várias escolas da Marinha de acordo as especialidades a que eram destinados.
A viagem de instrução foi realizada nas fragatas Corte Real e Diogo Cão. Na primeira embarcaram os cadetes da classe de Marinha, Médicos Navais e Engenheiros Construtores Navais e na segunda os cadetes das outras classes. Na viagem de instrução, com a duração de 4 semanas, foram escalados os portos de Bissau, Mindelo em Cabo Verde e Funchal.
Essa viagem de instrução permitiu aos cadetes sentirem as sensações da vida no mar e conhecerem um pouco da realidade das então províncias ultramarinas portuguesas. Particularmente significativa foi a ida à Guiné onde tiveram a ocasião de se deslocar a Nacra visitando um aquartelamento do exército português e tomar contacto com o clima que então aí se vivia.
Na semana seguinte ao regresso a Lisboa foi realizado, em 29 de Abril de 1965, o juramento de bandeira sendo promovidos a aspirantes apenas 61 dos membros do curso. Durante essa semana fomos informados que três cadetes, embora tivessem terminado o curso com aproveitamento, não iriam participar no juramento de bandeira. Eram eles António Jorge Pimenta da Silva da classe de Marinha, António Pereira Rufino da classe de Engenheiros Maquinistas Navais e Artur Eduardo Santos Silva da classe de Administração Naval. Aos três foram passadas guias de marcha para o Exército onde tiveram que se apresentar. No entanto, um deles, Artur Santos Silva, conseguiu, devido a influências pessoais e familiares, que a situação fosse revertida e ao fim de cerca de uma semana foi reintegrado na Marinha tendo feito juramento de bandeira individualmente. Os outros dois fizeram o seu serviço militar no Exército.
Quando o curso comemorou 40 anos foi realizado um jantar com o Comandante Seixas Louçã que confirmou aquilo que era, desde o início, já sabido. Foi por informação da PIDE que a esses cadetes foi impedida a sua promoção a Aspirante RN. Embora o Ministro da Marinha da altura Almirante Quintanilha Mendonça Dias se tivesse oposto não teve força para contrariar uma decisão emanada da PIDE. 
Dos 62 cadetes que foram promovidos a Aspirante RN, 16 prestaram serviço em Angola, 16 em Moçambique, 13 na Guiné e 17 no Continente e Ilhas, em diversas unidades da Marinha.
Os oficiais do 7º CEORN foram licenciados ao longo do ano de 1967, mas 5 deles prolongaram a sua vida na Marinha vindo a ingressar mais tarde na classe do Serviço Especial dos Quadros Permanentes no ramo de Oficiais Fuzileiros, tendo ascendido ao posto de Capitão de Mar-e-Guerra.
No dia 4 de Outubro de 2014, 26 membros do curso juntaram-se Escola Naval para comemorar 50 anos da entrada na Marinha relembrando passadas histórias e emoções vividas sem deixar de relembrar os 13 camaradas entretanto desaparecidos.
Muito deles mantêm uma ligação sentimental à Marinha Portuguesa através da Associação dos Oficiais da Reserva Naval
Pedro Sousa Ribeiro
20 Janeiro 2015

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