PRÓ-MEMÓRIA
Castelo, mesquita e governança,
tripé da presença islâmica, presença que faz de Mértola a capital do islamismo,
é fascínio que, séculos passados, alimenta os povos, alimenta os "caminhos
do turismo”!
Dez filhos do islão, convertidos
ao cristianismo na sequência de destemida e inclemente cruzada, aos vestígios
da sua história subiram (nem sempre todos) e, entre germânicos e
anglo-saxónicos e demais que, pela língua e tez ficaram por identificar,
rumaram de jusante a montante, rumaram de montante a jusante, escreveram mais
um capítulo da sua já longa história (catorze PASSEIOS HC). O Guadiana, rota do
cobre, porta de escoamento do vasto filão de minério que une Setúbal a S.
Domingos, foi rota HC, foi inspiração da governança! Rastas em loura esguia,
rastas em olhos azul celeste, rastas em alemão repetido, eis a estrela polar
que a todos orientou, ao Zenóbio desorientou e com o Carlos dançou! Aos
turistas se recomenda uma guia, ao HC se recomenda governança.
A maré (preia-mar para montante
baixa-mar para jusante) deu jeito e, aos da Quinta do Rio, vasta equipa que,
desdobrando-se, serviu e bem, animado almoço, todo ele, recorrendo aos produtos
da casa, recorrendo ao inspirado grupo HC, pois não faltou o CANTE ALENTEJANO,
onde, a Fátima e a Maria Arlanda não deixaram créditos por mãos alheias,
cantaram e bem. Fernando Pessoa, o fado de Coimbra e a Marinha, empolgaram
todos aqueles que, desconhecendo a língua embalaram com a música e rumaram Sul.
Já a maré vazava e o barco, canal
balizado, fazia a rota do cobre, quando, mesa de som instalação retocada, os
anos sessenta e setenta soaram e, indiferentes ao balanço, um após outro, os
turistas dançaram, o HC Carlos deu nas vistas, entre rastas e sorrisos! Dia
para mais tarde recordar, entre outros que a governança teima em realizar!
O Vasco da Gama, referência para
uma Marinha que nos une, hotel sexagenário em areias depositado, foi ninho, foi
abrigo onde não faltou a música e o gin,
servidos no elegante Lobby Bar!
Música a contento almoço para sustento, e com a Barraquinha em horário de
primavera, aos capeleanos coube o Jaime, restaurante que deu brado, pois chocos
fritos à algarvia, esses mesmo que na Ria Formosa são culto, fizeram do Rolo
refém, e foi vê-lo, noite chegada, o marafado a clamar: "que tal uns choquinhos
fritos no Jaime?".
Entre os demais, porventura
contrabandistas, o Aleixo, figura cujo legado projetou o Algarve dignificou um
povo, pois a ele se deve a expressão e revolta dos mais desprotegidos. A
tuberculose que o vitimou, deslocou-o para os Covões-Coimbra, localidade onde
encontra Miguel Torga e Tossan, tendo este último contribuído para a divulgação
da obra e evitado um fim que se adivinhava indigno! Tecelão, pedreiro e por fim
cauteleiro, ao Antonio Aleixo, cuja porta do Centro Cultural ficou por abrir,
deixamos o gesto simples da MEMÓRIA e, claro, um BEM-HAJA PELA SUA OBRA.
Vila Real de Santo António, reduto
pombalino e amostra da obra do Marquês de Pombal, segunda guarda do RIO
GUADIANA (a Castro Marim, de guarda a vigia, resta o Sapal e fortificações
defensivas), notifica e apoia quem passa, por terra e mar, com o seu centenário
farol, sobranceiro, do alto dos seus cerca de 50 metros! Reza a história que,
sendo o primeiro do Algarve, aos algarvios muita foi a curiosidade, curiosidade
a que, o narrador e sua família não resistiu e, tempos idos, militando no
liceu, a ele subiu. Agora, na condição de marinheiros reformados, estranho
seria que a visita não se realizasse. Enfim, a governança mostrou galões e o
desejo cumpriu-se, entre honrarias e protocolo! Escada quebra-costas, quebra
resiliência às penélopes, já que os velhos marinheiros, esses, à muito
afastados da arte...fazem de conta, com conta ou sem ela, pois os "óculos
napolitanos" do Zenóbio, por parte incerta ficaram.
Pergunta ao levante que passa
notícias dos óculos voadores, o levante cala a desgraça o levante nada nos diz!
Governança ao leme, o faroleiro no terreno, e eis os óculos...embora com danos
da refrega (haste quebrada).
As Minas de S. Domingos, visitadas
por ajustamento programático, ajustamento face à debilidade média do grupo, quis
o acaso, relança o projeto inicialmente desenhado para o passeio, isto é, o
património monumental islâmico de Mértola dá lugar ao património histórico das
Minas de S. Domingos e respetivo enquadramento de regime ou regimental. Convém
realçar que, a empresa Mason&Barry,
detentora do património, mantém direitos de propriedade pouco claros! Mas isso
são outras histórias outras abordagens. A casa do operário, o centro cultural e
as ruínas, em perfeito convívio com o património turístico recente e em
exploração, convivem em harmonia. Será?
Quinze quilómetros, parcialmente
ladeados por extensa mancha de alfarrobeiras, a maior da Europa, rapidamente
ultrapassados, e eis a "Casa Amarela", empreendimento turístico de
génese familiar e história associada à atividade económica preponderante de
então (a extração de minério em S. Domingos), foi escolha feliz para o almoço,
pois da mesma se avistava o património mais significativo de Mértola (castelo,
igreja matriz e a ponte), proporcionando um verdadeiro bilhete-postal.
O almoço, onde as tradicionais
migas alentejanas foram servidas a acompanhar febras de porco preto, foi
precedido de apresentação de resenha histórica do estabelecimento.
Se os telhados de "quatro
águas, "ex-libris" de Tavira, são de alcance visual fácil, o
estacionamento e percurso turístico restante, é tarefa irrealizável, tal o
movimento tal o adiantado da hora, enfim "Roma e Pavia não se fizeram num
dia", e então, à Versalhes rumámos e nas águas das pedras nos refugiamos!
Enfim, ao som dos Beatles e dialogando fluente inglês, fomos servidos.
Os horários são para cumprir e,
pelas 1800 horas, os "filhos da escola" Arrobas e Venâncio, Câmara de
Tavira pela popa e Gilão por EB, surgiram pois, pelas 1830, o lanche
ajantarado, em formato de degustação, no Cais do Gilão saía à mesa. Soberba
escolha, gosto requintado, obrigado amigos. Noite dentro, 125 a pulso, qual
escada quebra-costas, eis de volta ao Vasco da Gama, não o de Calecute, pois
esse só dia 20 será celebrado.
E para falar de governança, a do
Infante, o tal que deu governo às arriscadas armadas que deram novos mundos ao
mundo, guardei para o fim a arriscada armada que, pelo pinhal da Praia Verde
areias de Monte Gordo, se fez ao Infante Panorâmico e, em mesa redonda de vista
deslumbrante, se bateu com vasta parrilhada de marisco e tornedó de lombo, cortesmente
acompanhado por gratinado de batata, cebola frita e grelos salteados. Juro que,
para lá voltar, exijo ementa prévia!
Em rota batida e vento pela popa,
pois estava levante, o restaurante "Casa do Alentejo" em Castro Verde
foi porto de abrigo, abrigo para mais uma excelente refeição. Que bem fomos
servidos por terras da raia e não só, a balança responderá pelo efeito!
Para a foto de família, tradição
que resiste em "FAMÍLIA UNIDA", nada melhor que a RODA DE LEME, leme
que, em futuro próximo, não esquecerá o nosso patrono e seus feitos, desta será
a Serra da Estrela. Até lá.
João Sadler Simões