domingo, 21 de maio de 2023

O HC PELO GUADIANA INTERNACIONAL

 

PRÓ-MEMÓRIA

Castelo, mesquita e governança, tripé da presença islâmica, presença que faz de Mértola a capital do islamismo, é fascínio que, séculos passados, alimenta os povos, alimenta os "caminhos do turismo”!
Dez filhos do islão, convertidos ao cristianismo na sequência de destemida e inclemente cruzada, aos vestígios da sua história subiram (nem sempre todos) e, entre germânicos e anglo-saxónicos e demais que, pela língua e tez ficaram por identificar, rumaram de jusante a montante, rumaram de montante a jusante, escreveram mais um capítulo da sua já longa história (catorze PASSEIOS HC). O Guadiana, rota do cobre, porta de escoamento do vasto filão de minério que une Setúbal a S. Domingos, foi rota HC, foi inspiração da governança! Rastas em loura esguia, rastas em olhos azul celeste, rastas em alemão repetido, eis a estrela polar que a todos orientou, ao Zenóbio desorientou e com o Carlos dançou! Aos turistas se recomenda uma guia, ao HC se recomenda governança. 
A maré (preia-mar para montante baixa-mar para jusante) deu jeito e, aos da Quinta do Rio, vasta equipa que, desdobrando-se, serviu e bem, animado almoço, todo ele, recorrendo aos produtos da casa, recorrendo ao inspirado grupo HC, pois não faltou o CANTE ALENTEJANO, onde, a Fátima e a Maria Arlanda não deixaram créditos por mãos alheias, cantaram e bem. Fernando Pessoa, o fado de Coimbra e a Marinha, empolgaram todos aqueles que, desconhecendo a língua embalaram com a música e rumaram Sul.
Já a maré vazava e o barco, canal balizado, fazia a rota do cobre, quando, mesa de som instalação retocada, os anos sessenta e setenta soaram e, indiferentes ao balanço, um após outro, os turistas dançaram, o HC Carlos deu nas vistas, entre rastas e sorrisos! Dia para mais tarde recordar, entre outros que a governança teima em realizar!
O Vasco da Gama, referência para uma Marinha que nos une, hotel sexagenário em areias depositado, foi ninho, foi abrigo onde não faltou a música e o gin, servidos no elegante Lobby Bar! Música a contento almoço para sustento, e com a Barraquinha em horário de primavera, aos capeleanos coube o Jaime, restaurante que deu brado, pois chocos fritos à algarvia, esses mesmo que na Ria Formosa são culto, fizeram do Rolo refém, e foi vê-lo, noite chegada, o marafado a clamar: "que tal uns choquinhos fritos no Jaime?".
Entre os demais, porventura contrabandistas, o Aleixo, figura cujo legado projetou o Algarve dignificou um povo, pois a ele se deve a expressão e revolta dos mais desprotegidos. A tuberculose que o vitimou, deslocou-o para os Covões-Coimbra, localidade onde encontra Miguel Torga e Tossan, tendo este último contribuído para a divulgação da obra e evitado um fim que se adivinhava indigno! Tecelão, pedreiro e por fim cauteleiro, ao Antonio Aleixo, cuja porta do Centro Cultural ficou por abrir, deixamos o gesto simples da MEMÓRIA e, claro, um BEM-HAJA PELA SUA OBRA.
Vila Real de Santo António, reduto pombalino e amostra da obra do Marquês de Pombal, segunda guarda do RIO GUADIANA (a Castro Marim, de guarda a vigia, resta o Sapal e fortificações defensivas), notifica e apoia quem passa, por terra e mar, com o seu centenário farol, sobranceiro, do alto dos seus cerca de 50 metros! Reza a história que, sendo o primeiro do Algarve, aos algarvios muita foi a curiosidade, curiosidade a que, o narrador e sua família não resistiu e, tempos idos, militando no liceu, a ele subiu. Agora, na condição de marinheiros reformados, estranho seria que a visita não se realizasse. Enfim, a governança mostrou galões e o desejo cumpriu-se, entre honrarias e protocolo! Escada quebra-costas, quebra resiliência às penélopes, já que os velhos marinheiros, esses, à muito afastados da arte...fazem de conta, com conta ou sem ela, pois os "óculos napolitanos" do Zenóbio, por parte incerta ficaram. 
Pergunta ao levante que passa notícias dos óculos voadores, o levante cala a desgraça o levante nada nos diz! Governança ao leme, o faroleiro no terreno, e eis os óculos...embora com danos da refrega (haste quebrada).
As Minas de S. Domingos, visitadas por ajustamento programático, ajustamento face à debilidade média do grupo, quis o acaso, relança o projeto inicialmente desenhado para o passeio, isto é, o património monumental islâmico de Mértola dá lugar ao património histórico das Minas de S. Domingos e respetivo enquadramento de regime ou regimental. Convém realçar que, a empresa Mason&Barry, detentora do património, mantém direitos de propriedade pouco claros! Mas isso são outras histórias outras abordagens. A casa do operário, o centro cultural e as ruínas, em perfeito convívio com o património turístico recente e em exploração,  convivem em harmonia. Será?
Quinze quilómetros, parcialmente ladeados por extensa mancha de alfarrobeiras, a maior da Europa, rapidamente ultrapassados, e eis a "Casa Amarela", empreendimento turístico de génese familiar e história associada à atividade económica preponderante de então (a extração de minério em S. Domingos), foi escolha feliz para o almoço, pois da mesma se avistava o património mais significativo de Mértola (castelo, igreja matriz e a ponte), proporcionando um verdadeiro bilhete-postal.
O almoço, onde as tradicionais migas alentejanas foram servidas a acompanhar febras de porco preto, foi precedido de apresentação de resenha histórica do estabelecimento.
Se os telhados de "quatro águas, "ex-libris" de Tavira, são de alcance visual fácil, o estacionamento e percurso turístico restante, é tarefa irrealizável, tal o movimento tal o adiantado da hora, enfim "Roma e Pavia não se fizeram num dia", e então, à Versalhes rumámos e nas águas das pedras nos refugiamos! Enfim, ao som dos Beatles e dialogando fluente inglês, fomos servidos. 
Os horários são para cumprir e, pelas 1800 horas, os "filhos da escola" Arrobas e Venâncio, Câmara de Tavira pela popa e Gilão por EB, surgiram pois, pelas 1830, o lanche ajantarado, em formato de degustação, no Cais do Gilão saía à mesa. Soberba escolha, gosto requintado, obrigado amigos. Noite dentro, 125 a pulso, qual escada quebra-costas, eis de volta ao Vasco da Gama, não o de Calecute, pois esse só dia 20 será celebrado.
E para falar de governança, a do Infante, o tal que deu governo às arriscadas armadas que deram novos mundos ao mundo, guardei para o fim a arriscada armada que, pelo pinhal da Praia Verde areias de Monte Gordo, se fez ao Infante Panorâmico e, em mesa redonda de vista deslumbrante, se bateu com vasta parrilhada de marisco e tornedó de lombo, cortesmente acompanhado por gratinado de batata, cebola frita e grelos salteados. Juro que, para lá voltar, exijo ementa prévia!
Em rota batida e vento pela popa, pois estava levante, o restaurante "Casa do Alentejo" em Castro Verde foi porto de abrigo, abrigo para mais uma excelente refeição. Que bem fomos servidos por terras da raia e não só, a balança responderá pelo efeito!
Para a foto de família, tradição que resiste em "FAMÍLIA UNIDA", nada melhor que a RODA DE LEME, leme que, em futuro próximo, não esquecerá o nosso patrono e seus feitos, desta será a Serra da Estrela. Até lá.
João Sadler Simões









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