PRÓ-MEMÓRIA
Toc Toc, Toc Toc, o jumentinho faz das suas, rodeado de amigos,
entra na onda das termas, destino do grupo que se despede! Eu pecador me
confesso, desde o buxo aos maranhos passando por iguarias de difícil rotulagem,
por tudo passei e igual ficou!!! Quinta D'Oliveiras, escolha da família
Godinho, deu bênção a passeio retemperador, no dealbar de mais uma época
estival Rumo traçado, ajuda à navegação lançada, e eis a caravana por caminhos
nunca dantes navegados! Vento, trovoada, chuva e granizo, qual
"Adamastor" temível, prova justa para invasores, onde as ajudas nem
sempre foram suficientes, pois as alterações climáticas baralharam os
satélites. Contas feitas, rotundas dobradas em busca de rumo, e eis que o
Estimado Líder, faz da audição popular, pós missa domingueira, o juízo final.
Estamos no INATEL, UFFF!
Opções tomadas, programa refeito, o dia seguinte abre portas ao
reparo de mazelas. Repostos os estômagos, e já os roupões brancos, uniforme da
semana, compõem e aquecem os corpos que, com moderação, acedem a piscina
aquecida, plena de águas benévolas para quase tudo e essencialmente para quase
nada! Nada vai ficar como dantes.
Planeamento, programação e orçamentação, nada foi feito ao acaso,
se as manhãs retemperavam o corpo e a mente, as tardes e noites, enriqueciam o
conhecimento e o espirito, pois estavam previstas visitas culturais e
passatempos lúdicos. Quase perfeito! Quase, não fosse S. Pedro trair os
bem-intencionados, e exigir agasalho e provas cegas para os velhotes, há muito
desabituados do trotar do jumentinho eternizado pelo Guerra Junqueiro. No
Planalto Central da Serra da Estrela estavam guardados momentos de rara beleza
e dureza, desafio à resiliência enriquecida nas manhãs termais. De Manteigas às
Penhas da Saúde, curva e contracurva, vento e contravento, gelo e contragelo,
perante grandes massas de gelo criadas quando das ultimas glaciações e
recriadas em excelente visita virtual, realizada em balão, em pleno Centro
Interpretativo! Logo após, curva e contracurva, o Covão da Ametade, onde o
Zêzere faz a sua aparição, envolvendo Manteigas de correntes de água, como se
de uma "mão de água" se tratasse. Era esse o ambiente que nos rodeava
sempre que, de roupão, tomávamos conta das termas! QUE BELEZA INESQUECÍVEL!
A Torre, onde o nevoeiro e a neve conviviam em agreste momento,
deu para mergulhar no Inverno, sempre presente quando no "Teto de
Portugal", as "pegadas HC", fazem prova futura! Sabugueiro, a
mais alta aldeia de Portugal, terra de corpulentos cães pastores, deu abrigo
aos descompensados termalistas, em loja de conveniência, com oferta diversa.
Jovem mãe e seu bebé, entre afazeres maternais, servia suculentas sandes de
presunto e queijo, ao compasso de minis, à temperatura reinante, ou seja
geladas.
Regressados às termas, a fadiga sobrevoava o grupo, qual águia
vitória em dia de derby, não sendo
pois de estranhar que, por decreto regulamentar, o estimado líder tenha
promulgado, para o dia seguinte, o plano B, isto é, Manteigas e os seus
encantos.
Entretanto, noite dentro, corações ao vento, em recanto para tal
conquistado, os termalistas HC cantavam números emergentes de saco, qual
sorteio de fim prefigurado. De suspeição em suspeição, o saco de fundo
desconhecido (porventura azul espirito santo), então em papel usado, foi
substituído por exemplar de pano e as marcas por feijão encarnado. Enfim, entre
vencedores e vencidos, os euros criavam suspeição, temendo-se mesmo inspetores
da ASAE.
Quem não ouviu falar do serrobeco e do burel? Na ECOLÃ, fábrica de
génese familiar ainda em laboração recorrendo a métodos, técnicas e teares
tradicionais, abriu portas e revelou quanto o interior é rico em exemplos de
perseverança e vontade de sobreviver! A ovelha modelar, símbolo da casa, foi
testemunha de quanto a excelência dos artigos acabados e em venda na loja,
tiveram eco nas senhoras!
À mesa com os cabrais, bênção aos cristãos novos, navegámos por
capítulo da história que nos enobrece, pois demos novos mundos ao mundo, hoje,
pleno de registos (leia-se pedras) e recordações. TOC, TOC, TOC, TOC,
percorremos rota de Belmonte, carimbando página a página, qual juventude em rali-paper! Do castelo com a sua janela
manuelina, Igreja de S. Tiago e sua extraordinária Pietá esculpida em granito
(anterior a D: Dinis), ao Museu do Azeite, ainda tivemos tempo para testemunhar
a presença judaica em Portugal. Por fim, sedentados com a bela sandes de
presunto e mini fresca, traçámos novos rumos.
Vila de Valhelhas foi o local eleito para, após recuo no tempo,
retomar os dias de hoje em restaurante intimista, à luz das velas e atendimento
prazenteiro, orientação GPS/Centeno da Costa. Por sugestão do chefe,
saboreámos: alheira de caça; morcela da Guarda; borrego na carqueja; galo
estufado; doce da romaria. Que grande romaria gastronómica, para mais tarde
recordar! Trata-se do restaurante Vallecula.
Alvorada, roupões em "corpos danone", que o diga o João Martins e suas sestas (patenteadas
pelo ex-presidente Soares), efeito ou reação ao bicarbonato de sódio, ao fluor
levado aos 480C ou mesmo, efeitos da mão de água que envolvia as
noites longas de Manteigas, enfim, votos de um acervo cafeínico reforçado com
bingos pela noite fora!
Estranhos à Estância Termal e Climática de Manteigas, o casal
Centeno da Costa e Manuela, associaram-se à visita a Seia e seu afamado Museu
do Pão.
TOC, TOC, TOC, TOC, os visitantes vivem a história, a história que
dá ao pão o valor que todos dão! A chuva, que não deu tréguas, fez encurtar
caminhos e abreviar a retoma dos lugares INATEL, até porque, aos campeões se
exigia apoio em terreno preparado pelo mestre António Almeida, reputado barista
de cujas mãos, saltavam os Irish Coffee;
Famous Grouse; Adega Velha em balão aquecido, e outros exigentes preparados
(cocktails) de configuração
desafiante. Qual MSC!!!
Para o último e derradeiro dia, estava reservado o investimento na
memória regional, naturalmente nos famosos queijos da serra.
TOC, TOC, TOC, TOC, na rota do Sr. António Almeida, aos
termalistas foi dado conhecer fabricante artesanal de queijo, mais ou menos
curado, de ovelha ou cabra, os odores invadiram as limusines até que a vontade
esqueça!!!
Ao staff, na hora da
partida, são endereçados louvores e abraços, sim porque, ao povo a que
pertencemos, SAUDADE, esse termo indefinível, é o que melhor traduz o
sentimento restante!
Enfim o ORDMOV, sempre claro e conciso, quando a sua origem está
no inquestionável EL (ESTIMADO
LÍDER): PRÓXIMA PARAGEM BOMBA DO FUNDÃO.Porventura em busca das famosas cerejas!!! TOC, TOC, TOC; TOC...
João Sadler Simões
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