sábado, 9 de junho de 2018

O HC VAI ÀS TERMAS - II


PRÓ-MEMÓRIA
Toc Toc, Toc Toc, o jumentinho faz das suas, rodeado de amigos, entra na onda das termas, destino do grupo que se despede! Eu pecador me confesso, desde o buxo aos maranhos passando por iguarias de difícil rotulagem, por tudo passei e igual ficou!!! Quinta D'Oliveiras, escolha da família Godinho, deu bênção a passeio retemperador, no dealbar de mais uma época estival Rumo traçado, ajuda à navegação lançada, e eis a caravana por caminhos nunca dantes navegados! Vento, trovoada, chuva e granizo, qual "Adamastor" temível, prova justa para invasores, onde as ajudas nem sempre foram suficientes, pois as alterações climáticas baralharam os satélites. Contas feitas, rotundas dobradas em busca de rumo, e eis que o Estimado Líder, faz da audição popular, pós missa domingueira, o juízo final. Estamos no INATEL, UFFF!
Opções tomadas, programa refeito, o dia seguinte abre portas ao reparo de mazelas. Repostos os estômagos, e já os roupões brancos, uniforme da semana, compõem e aquecem os corpos que, com moderação, acedem a piscina aquecida, plena de águas benévolas para quase tudo e essencialmente para quase nada! Nada vai ficar como dantes.
Planeamento, programação e orçamentação, nada foi feito ao acaso, se as manhãs retemperavam o corpo e a mente, as tardes e noites, enriqueciam o conhecimento e o espirito, pois estavam previstas visitas culturais e passatempos lúdicos. Quase perfeito! Quase, não fosse S. Pedro trair os bem-intencionados, e exigir agasalho e provas cegas para os velhotes, há muito desabituados do trotar do jumentinho eternizado pelo Guerra Junqueiro. No Planalto Central da Serra da Estrela estavam guardados momentos de rara beleza e dureza, desafio à resiliência enriquecida nas manhãs termais. De Manteigas às Penhas da Saúde, curva e contracurva, vento e contravento, gelo e contragelo, perante grandes massas de gelo criadas quando das ultimas glaciações e recriadas em excelente visita virtual, realizada em balão, em pleno Centro Interpretativo! Logo após, curva e contracurva, o Covão da Ametade, onde o Zêzere faz a sua aparição, envolvendo Manteigas de correntes de água, como se de uma "mão de água" se tratasse. Era esse o ambiente que nos rodeava sempre que, de roupão, tomávamos conta das termas! QUE BELEZA INESQUECÍVEL!
A Torre, onde o nevoeiro e a neve conviviam em agreste momento, deu para mergulhar no Inverno, sempre presente quando no "Teto de Portugal", as "pegadas HC", fazem prova futura! Sabugueiro, a mais alta aldeia de Portugal, terra de corpulentos cães pastores, deu abrigo aos descompensados termalistas, em loja de conveniência, com oferta diversa. Jovem mãe e seu bebé, entre afazeres maternais, servia suculentas sandes de presunto e queijo, ao compasso de minis, à temperatura reinante, ou seja geladas.
Regressados às termas, a fadiga sobrevoava o grupo, qual águia vitória em dia de derby, não sendo pois de estranhar que, por decreto regulamentar, o estimado líder tenha promulgado, para o dia seguinte, o plano B, isto é, Manteigas e os seus encantos.
Entretanto, noite dentro, corações ao vento, em recanto para tal conquistado, os termalistas HC cantavam números emergentes de saco, qual sorteio de fim prefigurado. De suspeição em suspeição, o saco de fundo desconhecido (porventura azul espirito santo), então em papel usado, foi substituído por exemplar de pano e as marcas por feijão encarnado. Enfim, entre vencedores e vencidos, os euros criavam suspeição, temendo-se mesmo inspetores da ASAE.
Quem não ouviu falar do serrobeco e do burel? Na ECOLÃ, fábrica de génese familiar ainda em laboração recorrendo a métodos, técnicas e teares tradicionais, abriu portas e revelou quanto o interior é rico em exemplos de perseverança e vontade de sobreviver! A ovelha modelar, símbolo da casa, foi testemunha de quanto a excelência dos artigos acabados e em venda na loja, tiveram eco nas senhoras!
À mesa com os cabrais, bênção aos cristãos novos, navegámos por capítulo da história que nos enobrece, pois demos novos mundos ao mundo, hoje, pleno de registos (leia-se pedras) e recordações. TOC, TOC, TOC, TOC, percorremos rota de Belmonte, carimbando página a página, qual juventude em rali-paper! Do castelo com a sua janela manuelina, Igreja de S. Tiago e sua extraordinária Pietá esculpida em granito (anterior a D: Dinis), ao Museu do Azeite, ainda tivemos tempo para testemunhar a presença judaica em Portugal. Por fim, sedentados com a bela sandes de presunto e mini fresca, traçámos novos rumos.
Vila de Valhelhas foi o local eleito para, após recuo no tempo, retomar os dias de hoje em restaurante intimista, à luz das velas e atendimento prazenteiro, orientação GPS/Centeno da Costa. Por sugestão do chefe, saboreámos: alheira de caça; morcela da Guarda; borrego na carqueja; galo estufado; doce da romaria. Que grande romaria gastronómica, para mais tarde recordar! Trata-se do restaurante Vallecula.
Alvorada, roupões em "corpos danone", que o diga o João Martins e suas sestas (patenteadas pelo ex-presidente Soares), efeito ou reação ao bicarbonato de sódio, ao fluor levado aos 480C ou mesmo, efeitos da mão de água que envolvia as noites longas de Manteigas, enfim, votos de um acervo cafeínico reforçado com bingos pela noite fora!
Estranhos à Estância Termal e Climática de Manteigas, o casal Centeno da Costa e Manuela, associaram-se à visita a Seia e seu afamado Museu do Pão.
TOC, TOC, TOC, TOC, os visitantes vivem a história, a história que dá ao pão o valor que todos dão! A chuva, que não deu tréguas, fez encurtar caminhos e abreviar a retoma dos lugares INATEL, até porque, aos campeões se exigia apoio em terreno preparado pelo mestre António Almeida, reputado barista de cujas mãos, saltavam os Irish Coffee; Famous Grouse; Adega Velha em balão aquecido, e outros exigentes preparados (cocktails) de configuração desafiante. Qual MSC!!!
Para o último e derradeiro dia, estava reservado o investimento na memória regional, naturalmente nos famosos queijos da serra.
TOC, TOC, TOC, TOC, na rota do Sr. António Almeida, aos termalistas foi dado conhecer fabricante artesanal de queijo, mais ou menos curado, de ovelha ou cabra, os odores invadiram as limusines até que a vontade esqueça!!!
Ao staff, na hora da partida, são endereçados louvores e abraços, sim porque, ao povo a que pertencemos, SAUDADE, esse termo indefinível, é o que melhor traduz o sentimento restante!
Enfim o ORDMOV, sempre claro e conciso, quando a sua origem está no inquestionável EL (ESTIMADO LÍDER): PRÓXIMA PARAGEM BOMBA DO FUNDÃO.
Porventura em busca das famosas cerejas!!! TOC, TOC, TOC; TOC...
João Sadler Simões

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