quarta-feira, 25 de março de 2020

NOTA NECROLÓGICA


“IN MEMORIAM”

CONTRA-ALMIRANTE REF ÁLVARO RODRIGUES GASPAR
(1945-2020)

O submarino que ostentava na lapela do seu blazer azul, distintivo do empenho, dedicação e competência como serviu a Marinha, lema de uma vida entre amigos partilhada, quando, na condição de reformado, privilegiou as tertúlias entre os seus pares. O camarada e amigo Álvaro Rodrigues Gaspar, após partilha de páginas e páginas da nossa história, história que, ironicamente, projetou para os setenta anos do Curso Hermenegildo Capelo, que era o seu, deixou-nos. Ironia do destino!
Alfacinha com a genuinidade do Bairro de Alcântara, fez da Escola do Alto de S. Amaro e Liceu D. João de Castro o seu berço na formação, formação que, encontrou no mar o destino último. Na Escola Naval que frequentou entre 1964/68, integrou-se e notabilizou-se não só pelo esmero do seu traço e perspetiva caricatural (arquitetura e belas artes estiveram nas suas prioridades de formação superior), como na atividade física, onde se distinguiu na representação da Escola Naval nos campeonatos universitários.
Concluído o curso de Marinha, cedo fez escolha determinante para o futuro da sua carreira militar. Em Segundo-Tenente, frequenta o curso de especialização em Armas Submarinas, conhecimentos e perícias que, na condição de professor divulga. 
Em 1972 especializa-se em Submarinos, especialização que o habilita à integração nas guarnições do dispositivo naval, o que acontece de forma gradual, tendo em 1978, então no posto de Capitão-Tenente, sido nomeado comandante do NRP "Albacora" e mais tarde do NRP "Delfim", o que acontece entre 1978 e 1982.
Entre 1982 e 1986, é chamado a exercer os cargos de Chefe do Estado-Maior e 2º Comandante da Esquadrilha de Submarinos, cargos que exerce até 1986, ano em que, uma vez escolhido para frequentar o Naval War College, ruma a Newport nos EUA, onde é habilitado com o Naval Staff Course. Já em Portugal, assume funções na Divisão de Operações do EMA, o que acontece até 1990.
De 1994 a 1997, já Capitão-de-Fragata, assume o comando da Esquadrilha de Submarinos e Autoridade Operacional de Submarinos.
Em 6 de Outubro de 2000, é promovido ao posto de Contra-Almirante, bem como, nomeado para Comandante da Zona Marítima dos Açores e por inerência, Chefe do Departamento Marítimo  e Comandante Regional da Polícia Marítima.
A Reserva e Reforma a que se vê coagido por limite de idade, surge pois após brilhante carreira, onde a vocação para as armas submarinas é fator dominante, arma onde o risco e consequente resiliência, desafiam as mais nobres qualidades humanas de solidariedade e humildade, qualidades que, foram base de atividade generosamente e voluntariamente exercida, ao fundar e dinamizar o "Rotary Club do Barreiro". Para além do movimento rotário, a cidadania ativa a que o Alm. Gaspar nunca abdicou de exercer, ficou igualmente expressa ao presidir durante alguns anos à "Associação Comunitária do Barreiro", localidade onde residia. Marinheiro e submarinista conceituado, foi convidado a participar em obras de referência no setor, tais como, "Os submarinos na Marinha Portuguesa" e "Comando no Mar", sempre com o selo de qualidade.
Ainda na Escola Naval, a união e espirito de grupo que entre todos cresceu, fomentou sonhos, sonhos tão proféticos e realizáveis que, anos volvidos, foi possível concretizar. O amigo Álvaro, de ideia e desenho fácil, cria medalha desenha painel, esboça azulejo e dá vida a Mansoa, risco de inocência assumido!!! Tertúlias e almoços do curso, enriquecidos com o seu génio e dedicação, são hoje memória sistematizada, tal como o "Livro do Curso" e "Tridente", notáveis obras conjuntas de um curso eternamente agradecido ao Álvaro Rodrigues Gaspar, agora desaparecido.
À D. Maria da Graça, Patrícia e Joana, mulher e filhas, apresentamos sinceros sentimentos, em ocasião de tão profundo pesar. 
Curso Hermenegildo Capelo (HC)

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