“IN MEMORIAM”
(25/7/1945 – 23/2/ 2022)
A notícia correu célere nos modernos meios de comunicação e a dolorosa surpresa chegou aos destinatários. Repentinamente e sem aviso, a vida do João Coutinho tinha chegado ao fim.
Primeiro um sentimento de incredulidade e depois, perante a realidade, uma grande tristeza invadiu todos os que com ele privaram.
Era um homem bom, com uma personalidade vincada, mas que se preocupava com o próximo, sendo capaz de se sacrificar para ajudar quem dele precisasse.
A melhor ilustração das suas virtudes traduz-se na adoção de uma miúda muito pequena que foi recolhida por ter ficado isolada numa operação militar em Angola e que criou como filha até à idade adulta.
Entrou para a Escola Naval em 1963, vindo do Colégio Militar, mostrando a desenvoltura própria de quem já tinha alguma formação militar. A sua compleição física e o espírito combativo fizeram com que se juntasse à equipa de remo da Escola para conquistar excelentes resultados a nível nacional.
Cedo mostrou algumas das qualidades que sempre o acompanharam. Excelente camarada, amigo do seu amigo, alguém em que se pode confiar.
Começou a sua carreira de oficial em 1968, como instrutor na Escola de Fuzileiros, após uma breve passagem pela Flotilha de Navios Patrulhas. Seguiu-se uma comissão em Angola como imediato do Destacamento de Fuzileiros nº 10 (1969-71), tendo mostrado a sua valia como combatente.
Foi imediato de vários navios, nomeadamente dos patrulhas NRP “S. Nicolau” e NRP “Brava”. Após o 25 de Abril de 1974 foi nomeado Comandante da LFG “Orion” na Guiné-Bissau, tendo participado na chamada “incrível Armada”, ou seja, um conjunto apreciável de navios que se deslocaram da Guiné e Cabo Verde com destino a Angola, parte deles em mau estado de conservação.
Após o regresso a Lisboa Comandou o Agrupamento de Companhias do Batalhão de Fuzileiro nº 1.
Durante cerca de 4 anos (1977/81) prestou serviço como Oficial de Segurança do Comando Ibero Atlântico, tendo sido promovido a Capitão-tenente em fins de 1979.
Depois de ter frequentado com aproveitamento o Curso Geral Naval de Guerra foi Chefe do Serviço de Instrução da Escola de Alunos Marinheiros entre fevereiro e setembro de 1982.
Fez uma comissão de três anos como Capitão do Porto da Nazaré e terminou a sua carreira na Marinha como Oficial Adjunto do Chefe da Divisão de Segurança da Navegação no Instituto Hidrográfico em 1988.
Nesse mesmo ano passou à situação de reserva a seu pedido, ficando fora da efetividade de serviço, tendo os seus desempenhos no ativo, sido reconhecidos pela Marinha, através de vários louvores e o agraciamento de diversas condecorações, nomeadamente das Medalhas Comemorativas das Campanhas das Forças Armadas ANGOLA 74/75 e TIMOR 76, Medalha de Comportamento Exemplar Prata e Distintivo Especial da Ordem da Torre e Espada.
À sua mulher e aos familiares, nomeadamente os seus filhos, que com ele partilharam e sentiram, em relação íntima, as qualidades de generosidade e afeto do João, homem íntegro e possuidor de um enorme coração, que agora, traiçoeiramente, o retirou do nosso convívio, apresentamos os nossos profundos e sentidos sentimentos.
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