quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

ENCONTRO DE FEVEREIRO

 
Entrudo, entrada na primavera, libertação de consciências, tal o enfado que, aos jovens, a província de outros tempos oferecia. O reino libertário do Carnaval - no carnaval tudo vale - escape de um regime onde as restrições sociais dirigidas aos jovens em idade liceal eram constrangedoras, arco do poder pelo reitor exercido, em área adjacente em redor ao liceu, penalizando os que, masculino/feminino, conviviam. Custa a acreditar!
Recreio por sexos, como se de guerra se tratasse, tal como, em área anexa aos edifícios escolares (liceus), aos homens o que é dos homens, às mulheres o que é das mulheres.
Assim mesmo, tratando a biologia como qualquer ciência exata, onde quem não vê não tenta e quem não fala não requenta, não passa do ponto.
Ponto e virgula e, Carnaval chegado, máscara que à identidade faz troca, e eis os tentados rapazes e raparigas, fazendo das suas, mesmo que para isso, fizessem da desconfortável garagem, ponto de encontro, montra dos desejos contrariados!
Se por "terras de viriato" o frio era nota dominante, por terras de "vera cruz" o estio, bem ao jeito tropical, dá aos corpos expressão real e à formosura a expressão tropical, tão inspiradora dos poetas/compositores e seu grito: "Mas o que é que a baiana tem?", de Dorival Caymmi e a beleza de Carmen Miranda, a brasileira de Marco de Canavezes de encanto ímpar, ou a garota de Ipanema popularizada por Vinícius de Morais, do samba à bossa nova, sons da modernidade, encanto do folk brasileiro, música crioula a que os portugueses não estão inocentes, pois é com a sua presença, que os ritmos e sua evolução acontece!
Samba do Rio, Samba da Matrafona, do Rio de Janeiro a Torres Vedras, entrudo chocalheiro dos caretos de Podence, transmontano ou algarvio, o entrudo, transporta a sociedade para o seu contrário, ou seja, faz o contraditório ao socialmente correto.
Socialmente corretos os que, pelos passos perdidos de um metro qualquer, perdidos quase ficaram quando, às escadas que, rolantes deviam estar, pois é essa a oferta anunciada.
Socialmente corretos os que, pelas filas de espera ficam quando, por urgência inusitada às linhas de saúde acedem, pois é esse o direito constitucional.
Socialmente corretos os que, o emprego que lhes é devido, não passa de miragem e ao rendimento de inserção se habilitam.
Socialmente corretos os que, à habitação que lhes é devida, não estando acessível, sem abrigo ficam.
Tudo entrudo, tudo caricatura, tudo verdade, mais ou menos escondida!
Nós, os eternos românticos que com os Beatles crescemos, ao florir da primavera, ao encanto das amendoeiras em flor, à defesa do enamoramento constante, subimos escadas, abrimos portas, sentamo-nos à mesa, partilhamos o que nos resta, acreditar, no amor ao próximo, no prazer de conviver!
Onze convivas, reais ou virtuais, conversas sem fim, já que o fim, esse, teimamos em iludir, Borba, colheita onde impera o Antão Vaz e o Arinto, progenitores do Borba, vinho que, com secos e salgados, emoções caldeia, chegadas saudadas, pois chegadas, com a idade, são vitórias são desejos. Máscaras passadas caras marcadas, ao tempo ficam a dever a história de uma vida que, em comum, tem o mar, mais ou menos vivido, mais ou menos odiado, tal o enjoo, não vá Neptuno teimar!
Com o ensopado ou a lula recheada nos contentamos, com o bucho de cabra velha e o arinto de Bucelas sonhamos, já que, entre os ilustres HC's presentes, a voz de alguns em sua defesa vieram, pois o Carnaval já lá vai e, as confrarias são o exemplo de um povo que, tem na gastronomia orgulho, no receber vaidade!
"Bar aberto", bombadas a preceito, e eis mais um ano vencido! Ao amigo Centeno a saudação da praxe: "PARABÉNS A VOCÊ..."
A tarde que se esconde, aos presentes já deixa saudades, saudades em mês próximo compensadas! Até lá amigos HC60!
João Sadler Simões



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