sábado, 5 de novembro de 2011

EVOCAÇÃO DO NAUFRÁGIO DO “NRP SÃO RAFAEL”

Fez ontem (21/10/2011) 100 anos que se deu o naufrágio do “NRP SÃO RAFAEL, junto ao rochedo próximo da Senhora da Guia, na barra de Vila do Conde. Um naufrágio é sempre um triste acontecimento para um navio, sobretudo para a sua guarnição. Alguns Vilacondenses tiveram e muito bem a sublime ideia de evocar esta efeméride, porque todos os eventos bons e maus devem ser devidamente assinalados. Vila do Conde é uma terra de marinheiros, calafates, rendilheiras, pescadores e muita gente ligada a outras actividades, e que tem uma memória viva.

Foi de Vila do Conde que outrora saíram marinheiros para integrarem as naus dos Descobrimentos. Foram estes Homens que ajudaram a dar novos Mundos ao Mundo.

Para a evocação desta efeméride, fui abordado pelo meu Amigo e Camarada Albino Gomes Silva (Ex-marinheiro da Armada, Vilacondense estudioso e muito dedicado aos assuntos que à Marinha e Vila do Conde dizem respeito), para dizer algumas palavras referentes a esta evocação. Aceitei imediatamente o desafio, atendendo que sou Oficial da Armada Reformado e já fiz parte dos Órgãos Directivos da Associação dos Ex-marinheiros da Armada de Vila do Conde.

Tanto eu como o Albino somos sócios fundadores desta mesma Associação.

Cumpre-me agora dizer uma coisa que considero muito importante:

No naufrágio do “São Rafael”, perdeu-se uma vida: a do Marinheiro António Dias da Silva, que ficou sepultado no cemitério de Vila do Conde. O infortúnio foi amplamente divulgado na comunicação social do Ano de 1911. Assim consegui encontrar algumas narrativas, entre as quais na “Ilustração Vilacondense”. Aqui vai alguma prosa desse jornal:

«…De imediato população e pescadores acudiram para salvar os náufragos, por que Bendita a Alma Portugueza! Encharcadas de água, fatigadas da marcha pela areia, fustigadas pela flagelação da ventania, as populações de Vila do Conde e Póvoa, numa ânsia de virtudes, como jamais presenciámos, acudiram precipitadamente à salvação dos aflitos! E toda a manhã era de ver o heróico e sacrificante espectáculo! Gente do Mar! Generosa e admirável Gente! Em menos de 6 horas cerca de 250 Homens foram salvos! Por quem? Foram salvos pela Bondade, Audácia e Sacrifício do Povo Anónimo! Bendita a Alma Portugueza!»

A divisa do nosso Infante D Henrique era TALANT DE BIEN FAIRE – TALENTO DE BEM FAZER e cabe muito bem fazer uma referência dela na salvação destas vidas. A salvação dos náufragos foi um acto de bravura e heroísmo do Povo anónimo: foi um autêntico TALENTO DE BEM FAZER! UM GRANDE BEM-HAJA a este POVO DESTE PAÍS DE MARINHEIROS!

Quanto ao único Marinheiro aqui sepultado em Vila do Conde, a sua figura tem sido uma espécie de Soldado Desconhecido, a quem a Associação de Marinheiros de Vila do Conde anualmente presta homenagem. O tratamento da sepultura está a cargo da Capitania de Vila do Conde, tendo a Associação de Ex-marinheiros, a partir da sua fundação em 1996, assumido homenagear o falecido Marinheiro com romagem de Saudade e deposição de coroa de flores.

Já vai longo o meu discurso, para quem só queria dizer algumas palavras.

Muito Obrigado pela oportunidade que me deram para dizer algo acerca desta efeméride, e UM GRANDE BEM-HAJA a todos os promotores desta tão Bela Iniciativa.

TENHO DITO

HELDER ALMEIDA, 1º TEN REF

Vila do Conde, sábado, 22 de Outubro de 2011

1 comentário:

Carlos V. Carrasco disse...

Parabéns pela tua iniciativa!
Ficamos a aguardar mais colaboração tua para o nosso blogue.