domingo, 15 de junho de 2014

NAVIOS DA MARINHA GUERRA PORTUGUESA DOS SÉC. XVIII E XIX (II)

CABREA ”SÃO SEBASTIÃO"
Construída pelos engenheiros construtores Luiz Silvério de Faria e António Maria de Faria, aparelhada pelo primeiro-tenente graduado da Armada Faustino José Marques, em 1840.
Pela singular ornamentação do beque parece ser este modelo o casco da Nau “S. Sebastião”, modificado e apropriado para a demonstração do aparelho da cábrea. A cábrea era sempre um navio antigo incapaz de navegar, e aproveitado para as referidas demonstrações. A última em serviço do arsenal de Lisboa foi a nau “S. Vicente”, antiga “Rainha de Portugal”, a qual foi lançada ao mar em 30 de Setembro de 1791. Fez parte da esquadra do Marquês de Niza, e da que foi para o Brasil, em 1807, com a família real.
A nau “S. Sebastião”, de 64 peças, foi presente da cidade do Rio de Janeiro a el-rei D. José I, em 1766. Em 20 de Setembro de 1793 saiu para o porto de Roses com a esquadra que transportou a divisão auxiliar a Espanha, composta de 6 mil homens que fizeram a guerra de Rossillon contra os franceses. Em 27 de Setembro de 1797 era comandada por Sampton Mitchel, capitão-de-mar-e-guerra ao serviço de Portugal, e saiu de Lisboa para cruzeiro.
Fez parte da esquadra do Marquês de Niza, que cooperou com a de Nelson no Mediterrânio. Em 1808, os franceses chamaram-lhe “Brazil” e vulgarmente “ Le Grand Dragon”, por causa da figura de proa. Foi a Cadix, Leorne, e em 1817 ao Rio de Janeiro levar o célebre iate real “Monte d’oiro”, o qual foi dentro do poço, entre os baleus da nau. Foi este navio que recebeu um talão de quilha virando de querena sobre barcaça, sendo o fabrico dirigido pelo hábil construtor naval António Joaquim de Oliveira, capitão-tenente.
Foi desmanchada em 1818 Junto ao reduto da inspeção do Arsenal de Marinha. Alguma madeira do arco da quilha foi aproveitada, em 1857, para a construção da escuna a vapor “Barão de Lazarim”.
(In “Modelos de Navios” que pertenceram ao Museu de Marinha, elaborado pelo Capitão de Fragata João Braz de Oliveira, em 1896).
Carlos Nunes Ferreira

 

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