Hoje temos o nosso blogue enriquecido com uma crónica do Gonçalo Cordes Valente, grande animador dos convívios mensais da Tertúlia HC no CMN.
As
suas histórias e lembranças, quer familiares quer navais, levaram o Sadler
Simões a apelidá-lo de “Zurara do HC”, num tom mais leve...
Verde
O verde é a minha cor.
É cor da minha bandeira.
É o verde dos arrozais
É o verde dos matagais
O verde do meu Vale del Rei com matizes vermelho e amarelo
dos medronhais
É o verde dos olivais
É o verde dos sobreirais
É o verde dos azinhais
É a cor da Primavera, nos campos do meu Alentejo
Mas também
o vejo nos campos da Amazónia ou nas florestas do Canada
É o verde da minha rua nestes tempos primaveris
Gosto do verde, sim!
É a cor do meu clube no verde do relvado, em Alvalade
formado
É o meu verde sim!
É o verde da ecologia dos campos de cereais, da Ucrânia
massacrada
É o verde das margens dos ribeirais naquele vale sagrado
rodeado de sobreirais.
É o verde, dos espaços ditos da ecologia-inversa da lata ,
miséria, green, verde da reformada esperança do velho-do raio-do sol, apodrecendo
a carcaça no banco de algum jardim. Verde
Do mar revoltado que em noites de vendaval, atirou
barcos lembrados contra baixios de coral
Verde das florestas do Vietname do desfolhante e do napalm,
do Tio Sam
O verde da fome, o verde do frio, do rosto do perseguido!
Verde da baba, do feno, dos ruminantes moído
Ah! mas também o verde dos cabelos de Baudelaire e das
entranhas de Robespierre
É o verde agora, verde pão na terra maninha, antes
rasgada, suada, esventrada, maltratada
Verde de espinhos
Verde de abrolhos
Verde Esperança
Verde cor
É o meu verde,
Com amor!
Escrito agora
mesmo!
Gonçalo
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